terça-feira, 21 de setembro de 2010

Tarefa

Sem saber por onde começar
Começo a trabalhar
Em todos os meus projetos
Todos ao mesmo tempo, fetos

O profissional em mim quer dar as caras
E mostrar que é bom e sabe disso
O amador em mim está sempre presente
Sem saber ao certo o que lhe dizer

A barba, já com incontáveis delongas,
Acusa a vida farta de tarefas e sonhos
Todos em fase de alicerce

Há muito o que se fazer daqui pra frente
Pra ser feliz
Mas é tanta coisa a se fazer
Que não dá pra fazer nada

A tarefa de ser feliz é, realmente, bastante difícil

E as palavras acabam, uma hora ou outra,
Mesmo sem saber
Se ajudaram a flexionar o próximo passo
E sem saber se falavam sobre amor ou a bosta do dinheiro

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Roupa Suja

Aquela pilha de coisas jogadas à revelia
Que não se resolveram
Parece não querer diminuir

As manchas insistem em não sair do colarinho
Ninguém parece querer lavá-la, encardida

Aquele amontoado de alinhavados sujos
Que têm as linhas afrouxadas pela falta de contato
Querer fingir que está tudo limpo é seu maior erro

Minha ingenuidade me irrita, maltrata
Sua falta de memória me assassina

Segundo a segundo
Ponto a ponto de linha suja

Meu desprezo é pra você sentir
O menor pedaço da dor que sobrou em mim
E nós somos cínicos ao ponto de sorrir

Pára, pára
Raiva, sou eu de novo

terça-feira, 8 de junho de 2010

Amores, amigos, amores amigos e anônimos

Pela falta do amor
Continuo a observar as fotos
E lembrar de alguma coisa antiga que sinto tamanha saudade
Que parece tão antiga quanto as pirâmides de Cairo

Pela saudade dos amigos
Continuo a observar as fotos
E lembrar de alguma cena feliz
Que - somente a cena - já foi muito melhor que a vida inteira dos que fingem bem-estar

Pela falta da família
Me agarro a qualquer vértice ao alcance da mão
E, mesmo assim, lembro-me que posso voltar quando quiser, mesmo que tudo mude

Pela falta do que fazer com meu coração
Me agarro a estes poemas tristes
E lembrar que assim posso compartilhar - com pessoas com e sem nome - a dor de não saber pra onde, porque e como ir

terça-feira, 18 de maio de 2010

Simplicidade

A vida é simples,
apesar de não ser sempre como queremos e planejamos.

A vida é simples
e você e, às vezes eu, a complicamos.

A vida é simples.
Difícil é viver.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Maneira simples de contar essa história

Ultimamente a vida tem sido bem sem graça (assim como esse texto pode ser pra você, então não se frustre já que teima em lê-lo e se, ao final, tiver perdido seu tempo ou seu sossego ou o que você chama de felicidade), mesmo com todas as coisas que me levariam a achá-la divertida, festiva, convidativa, enfim... feliz!
Já disse muitas vezes (não para os outros, mas só pra mim mesmo) que ainda não descobri a felicidade em si. Nem, sequer, uma vez. E isso não é choramingar. Tenho certeza que não conheci mesmo!
Penso até que cheguei perto dela muitas vezes... muito perto, mas isso não é uma coisa que depende só de mim. A felicidade não se consegue sozinho e você bem sabe disso!
Pulando alguns capítulos da minha vida, chegamos ao momento atual.
Hoje eu só quero ter paz, uma mulher ao meu lado, em que eu possa confiar, agradar, compartilhar momentos simples como uma festa entre amigos, olhar o movimento em arco do Cruzeiro do Sul no Céu, a Lua cheia nascendo gigantesca no horizonte ou o cachorro que corre em parceria com seu amigo no gramado.
Eu sou capaz de contemplar esses fenômenos todos os dias, assim como qualquer um, apesar de cada um de nós dar a eles diferentes valores. O problema é que quando fazemos isso sozinhos, a graça, o momento do milagre, se perde quase que todo, se liquefaz, escorrendo por entre os dedos até sumir.
Foram poucos os dias da minha vida que cheguei perto do que eu chamaria de felicidade. Hoje, como não estou nem um pouco alegre como você já pode perceber, só consigo me lembrar de um dia da minha vida que eu cheguei bem perto da felicidade.
Não cabe aqui dizer que dia, hora e estação do ano foi esse; só cabe dizer que eu era completo naquele dia! Eu tinha uma família à minha espera e aquilo que eu considerava que se transformaria em amor pleno estava ao meu alcance, me olhando nos olhos, sorrindo para mim!
Mas, como você sabe que não está lendo um conto de fadas, já te adianto que tudo isso acabou por aqui! Rápido assim! O texto é incompleto porque saiu de uma só vez! A história é incompleta porque ainda não terminou e eu quero que tenha um final feliz. Eu já havia lhe dito que a felicidade não se consegue sozinho, se lembra?
Pois bem, o que eu fiz foi demonstrar amor, vontade, lágrimas que sofri por ela, alegria (que se transformaria - acreditava eu - logo, logo em felicidade). Eu queria mostrar que aquilo que acontecia entre eu e ela era simplesmente tudo o que eu queria para o resto da vida!
Tenho muitos amigos, isso eu não posso negar! Amigos que eu daria a vida para salvar... e sei que eles pensam como eu! Tenho minha família sensacional que amo e sei que me amam também. Eles são meu anteparo contra a tristeza, meu chá de camomila contra a doença, o abraço que eu preciso pra continuar a ter esperança, a alegria que me mantém trilhando o caminho em busca da felicidade... ah, você entendeu!
Isso é bastante? Claro que sim, mas não é o suficiente! Eu quero dormir e acordar ao lado dela, sentir o seu cheiro, perder o fôlego e quase ter um ataque cardíaco sempre que estiver com ela, como sempre acontece, e hoje não foi diferente.
Meu coração queria rasgar o peito só pra mostrar que ainda bate muito forte em seu favor... e eu queria que ele me abrisse o peito naquele momento mesmo.
Ela me disse pra não dizer mais nenhuma palavra, e eu não vou mais dizer! Vou demonstrar com os meus sentidos e sentimentos o que realmente acontece comigo sem dizer nada! Se não entender o que eu quero dizer daqui em diante, acho que quem está enganado sou eu.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Sem Sentido

Ao se apresentar
Não acreditei que me apaixonaria

E nem que ela cruzasse aquelas palavras
Palavras que, nem no jogo, se cruzam

Mas sua missão na terra se cumpriu, por fim
Objetivou arrancar-me o coração

E o fez sem pensar, antes de sair pela porta
Sem me deixar ciente do “depois”

Demonstrando vontade de viver
Ele ainda pulsava fortemente

Ela ruma, hoje, quilômetros
A cada passo meu em sua direção

Sem preocupar-se com o fato
De eu me preocupar ou não

Em ter perdido todos os sentidos
O tato, o equilíbrio, a visão
Os objetivos, a alegria anódina
E qualquer outro sentido que “sentido” represente

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Como a água

Eu preciso de você
Em todas as suas formas
Sentir, ao seu lado, a dor
E a alegria emanada de sua alma
Nestas águas turbulentas de sentimentos entrelaçados

Preciso, novamente, sentir seus sinais vitais
E seu sangue, com vida própria, pulsando
Acreditando ser possível misturar-se ao meu
Como a água do rio quando encontra o mar aberto em paz
Para, assim, acreditar que aqueles breves momentos foram reais

De seu corpo, guardo a lembrança do carinho
De seus olhos, guardo a cor e a sinceridade
Como a água límpida e pura da chuva
Que espero ansiosamente para encontrar novamente
E o afeto incondicional que sabe que lhe tenho

Dos meus olhos, sei que guarda a sinceridade
Que, pudeste perceber, derramaram-te palavras líquidas
Palavras que cumpriram a missão de me abrir as comportas dos olhos
Para que jorrassem a vontade pelas objetivas
Como abrem-se as comportas de uma represa trancafiada há tempos

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Companhia doméstica

Companheira de minha mãe
Enquanto meu pai dorme
Esperando, já cansado, pelo trabalho do próximo dia
Ou enquanto meu irmão sai
E enquanto também estou fora ou lendo um livro

Companheira fiel
Esforçada em manter minha mãe em casa
Sem que ela enlouqueça
Com esse silêncio ensurdecedor

Não faço o certo em dormir
E não estar com ela e fazê-la sorrir
Que seja por um segundo
A presença de corpo e alma alegra a mim e a ela

Distrái, entretém
Desconfio até que converse com ela

A televisão tem salvado sua vida
Ao mesmo tempo aprisionando-a sem que saiba
Pelo seu bem

- Quero te salvar, mãe! Preciso te salvar!
Calma... calma que o pai também já vai se aposentar!