sábado, 5 de dezembro de 2009

A mulher, a música, a minha morte

Os olhos que me olhavam
Se transformaram em letra e notas musicais
A vida parecia a canção mais bela que já senti

Consegui, enfim,
A música perfeita se fez em mim
Era o que precisava para poder morrer em paz

Sentimento do lado de cá
Só desejo e vontade do lado de lá
E eu soube que tudo aquilo iria acabar brevemente

Os encontros eram simples
E eram como arritmias cardíacas
Esporádicos, breves, intensos

Jogado para fora de sua vida, às pressas
Então, por fim, pude morrer sem paz

Sem rima de par entre nós
E sem lógica alguma
Como um poema sem lógica

Que tem um início
Um fim que já se conhece
E um meio arrítmico

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Você e o litoral

Procuro-te pelas dunas de Natal
Não sei ao certo seu nome, será Joaquina?

Queria encontrar-te na Praia dos Amores
E não dar de cara com as falésias onde está minha Canoa Quebrada

Em qualquer praia de Barra de Santo Antônio, casaria-me contigo
Já que diz-se ser forte o santo no tema

Vou à Praia do Farol buscar luz para encontrar minha felicidade ao seu lado
Para encontrar seu nome na lista das pessoas maravilhosas desse mundo

À Boa Viagem pretendo chegar são e salvo
E depois me embebedar de você antes de partirmos para outro lugar

Pois ao Porto de Galinhas e à Baía dos Porcos
Não pretendo desperdiçar meu tempo pensando pelo nome do lugar

Copacabana nem me importa tanto, não me interessa
Muito menos me interessa Ipanema e sua garota se tenho você

Nem que me joguem (em) Búzios eu acreditaria num amor forjado
Amor, assim, de palavra fraca, de terno e gravata

Eu só preciso, única e exclusivamente, de ti
Meu Porto Seguro

sábado, 7 de novembro de 2009

Sacrificando poemas

Sigo, sem cessar
Lamentando, neste momento
A palavra que não quer chegar

Prossigo, sem esquecer
Dos momentos de outrora
Onde a palavra vinha, mesmo que carregada de desilusão

Levo a vida, por hora
Sacrificando poemas
Levo a vida, por hora
Com paixão que pede hora

Na tristeza a palavra de poeta se satisfaz
Aparece à graça do freguês
Na alegria a palavra parece não querer se colocar
Desaparece à escuridão da vez

Levo a vida, agora
Somando o tempo que me resta
Levo a vida, agora
Pensando se tudo é só por hora

Sigo, sem me cansar
Matutando quando poderei te ver novamente
Pra matar meu desassossego

Prossigo, sem me preocupar
Deixando de pensar em minhas tristes palavras
A sacrificar meus tristes poemas

domingo, 18 de outubro de 2009

Você precisa saber

Eu preciso de um amor simples
Que seja, ao menos,
Um segundo maior
Que a tristeza que sentirei daqui em diante

Para que valha a pena para sempre

Eu preciso de uma amizade
Que me dê um abraço
Um segundo maior
Que sua melhor palavra e o perfume que fica, mulher

Para que eu tenha vontade de viver para sempre

Eu preciso que entenda
Que eu preciso você
Um segundo a mais
Do que somente sua eterna amizade

Não quero perder a fé
E os sentidos
Não quero perder o encanto
E o sorriso

Não quero perder a vontade
E as chances
Não quero perder o momento
E o tempo

Não quero te perder dessa vez

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Inconsequentes

A atração partiu dos olhos
E tomou força suficiente para que, rapidamente,
Se tornasse uma paixão inesperada

A paixão, violenta e inconsequente como qualquer outra,
Não falhou desta vez e se fez intensa

A intensidade foi tamanha que,
Em um par de aparições do sol,
Não deixou tempo para que o amor aceitasse encontrar abrigo
E se colocasse em seu devido lugar

Não houve tempo para o amor
E para as verdades mais sinceras e eternas que seriam ditas depois

Houve tempo apenas para que aquele olhar brilhante e mágico
Petrificasse em minha memória
E se tornasse lembrança que, acredito, preferiria cotidiano eterno

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Amor rupestre

O que não sentia há muito tempo
Todo o tempo deste corpo que aqui jaz
Era unicamente o que precisava

Quiçá na era passada ou outra anterior
Tenha, minha alma, sabido o que era

O que pude escrever na caverna de Platão outrora
Tão somente era o que pude sentir com sua presença
Era maior que tudo o que poderia provar até então

Quiçá era tão verdadeiro
Que os sentidos postergaram-se

O que me faz estar aqui, sobrevivendo
Tendo um corpo vivo que carrega nos olhos a alma dilacerada
É procurar novas pistas que não estão em cavernas

Pistas que me levam a você

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Scrap Pra Deus

E aí, Deus! Tudo bom com o Senhor?! Espero que sim né...

Pô... quanto tempo faz que a gente não se vê hein! E o pior é que eu to precisando te encontrar... faz um tempinho já que eu to precisando da sua ajuda.

Sabe aquelas conversas lá que eu tive com o Senhor? De que me valeram? Até agora não funcionou muita coisa não, Deus! Que será que aconteceu? Garanto que falta de rezar não foi... mas ainda tô tentando e esperando o Senhor resolver o que vai fazer com o meu caso... tá complicado por aqui, viu!
Sei lá também... Se o Senhor tiver um pouco sem tempo pros problemas pessoais (já que o mundo tá com uns problemas bem grandes), pede pra um anjo daí vir me ajudar, vai... pelo menos um aí deve tá esperando pra ajudar alguém!

Bom, por enquanto acho que é isso.

Té mais ae! Ah... e não esquece de mim hein?!

Abração!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Pensa, diz e faz

Naqueles breves momentos
Em que me deixa olhar dentro dos seus olhos
É que eu posso ver os seus pensamentos

Mas eles mudam com tanta rapidez
Que quando percebe que estou a te estudar
Você diz uma outra coisa qualquer sem sensatez

Respondo que isso de nada vale
Se não for pra que seja sério
E você, querendo me maltratar, se recolhe

Enquanto podia te observar
Via que o brilho ia se acabando
Ao passo em que o tempo passava em nosso lar

O brilho fluiu, sumindo com tamanha velocidade
Que até a pele diz não querer mais encontrar a minha
Guardando meu coração numa caixa repleta de saudade

Nada mais importa, ora
Como sempre foi entre nós dois
A gente deveria se fazer entender agora

Você pensa, diz e faz
Tudo aquilo que eu não queria
Pra logo me esquecer
Escrito em uma página velha lá atrás

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O sonho e a verdade

...o que importa e o que quero que você, leitor, entenda é que eu cheguei a sonhar com ela. Não importa o começo dessa história; como nos conhecemos (e é por isso que ela começa assim mesmo, do nada) e também não sei se ela já acabou ou ainda tem um fim que o autor (cujo nome não sei) não quer logo de uma vez me contar. O sonho, louco como qualquer outro, era assim:
Eu estava deitado de bruços na sala de minha república estudando. Era só isso que eu sabia fazer naqueles últimos dias antes da bonança. Havia muita luz que entrava pela porta. O sol era muito forte e a porta era de vidro. Quando olhei em direção à claridade que vinha da porta, lá estava ela. Eu disse, exclamado, seu nome e me levantei do chão rapidamente. Não tive tempo de fazer nenhuma pergunta. Ela também não me disse uma palavra. Só me olhou nos olhos, se aproximou de mim num passo apressado e colocou seus braços por dentro dos meus me abraçando e começou a chorar. Ela chorou por um rápido minuto, mas não me olhou novamente, e saiu pelo outro lado da sala. Esse foi o sonho. Agora vem a verdade.
A verdade é que ela não me abraçou. O beijo foi instantâneo, curto e sem vontade de gostar. Ela também nunca foi à minha casa e nunca me pediu afago enquanto chorava. Com certeza nunca chorou por mim e a minha vontade de fazê-lo por ela foram diversas. Hoje acredito ter feito o certo em não fazê-lo. Hoje penso como tudo poderia ser se ela fosse menos impulsiva e fosse como em meu sonho. Uma mulher que precisasse, de verdade, de alguém. Mais que isso, uma mulher que precisasse de alguém de verdade. Ela fez tudo aquilo que eu não precisava saber. E com uma pessoa que não podia ser. Ao menos eu não estava com ela. É que eu não posso lhe contar, caro leitor, pelas palavras escritas, em detalhes todo o ocorrido. O importante é que você saiba que ela não tem mais valores nem critérios. Não tem mais amor, só prazer. Ela não tem mais felicidade, só alegrias. E eu, tolo, buscando eternamente minha felicidade sem ter, sequer, alegria. Eu, tolo, que me apaixono facilmente, me apaixonei por ela um dia e acredito já tê-la esquecido, mas guardo um sentimento que não sei explicar se é saudade ou raiva.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Meus medos dos meses

Tenho medo de ser só

O primeiro de Janeiro
A alegoria barata de Fevereiro
A última gota de Março
A mentira de Abril
A folha seca de Maio
A iguaria de Junho
O aniversariante de Julho
O soldado de Agosto
O independente de Setembro
O feriado de Outubro
O finado de Novembro
O último de Dezembro

Quero ser seu por todos os meus dias

domingo, 12 de julho de 2009

Amigos demais para sermos amigos

Eu só queria estar num lugar diferente
Um que não conhecera antes
Poderia ser qualquer lugar
Eu só queria estar com você

Um lugar que fosse seu
Para que se sentisse a vontade
Com meus olhos postos nos seus
E a cabeça repousada sobre seu colo

Serei todo ouvidos
A refletir sobre a sua vida
E dar-te o melhor conselho sobre nós

Eu só queria estar no seu coração
Um que deveria sentir saudade como o meu
Poderia ser em qualquer cômodo da casa
Eu só queria ter conforto em seus braços

Seus olhos e ouvidos sabem que te quero
O coração é que parece não se importar
Com esse amor caseiro e amigo
E é só você que não percebe que quero dizer:

“Eu só quero ter você pra sempre.”

sábado, 27 de junho de 2009

Vai passar, vai passar (antes de ler a carta)

Vai passar
Essa paixão forte
Esse medo de solidão-morte

A força dessas palavras desencontradas
A forma que dá forma, lapidando o medo de ser feliz

A confusão do pensamento
A forma que escreve as palavras com giz
Como quem espera a chuva mais forte
Para apagá-las e largar-me à sorte

Desfigurada ela se ia
Dizendo não ao que acabara de restar de mim
Desfigurado eu me ia
Só precisando entender o por que de ser assim

Ela, por saber do futuro
Eu, por acreditar num futuro

Vai passar
Essa tristeza forte
Esse medo de ser feliz

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Perguntas como resposta aos desavisados

De que valem as palavras
se não para serem escritas?

De que vale o pensamento
se não para ser compartilhado?

Que valeriam Chico, Vinícius,
Tim e Tom se tivessem vergonha?

Que valeriam Carlos e Clarice
com seus papéis em gaveta qualquer?

De que vale a palavra pensada
e o verso vazio?

De que vale o dizer
por dizer?

De que vale um poema
se não para equilibrar-se entre o céu e a terra?

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Pra você e pra mim (ou de onde vem a ironia)

Pra você

Talvez eu seja um tolo
Um indiscreto
Um zero

Talvez eu seja um qualquer
Um transeunte
Um outro número

Talvez não te valha um olhar cruzado
Um passo a frente em me seguir

Talvez eu seja um objeto perdido no espaço

Talvez não te valha meu aperto de mão
Uma cena despretensiosa em sua presença

Talvez eu esteja com você
Um desagrado pra você
Um agrado para mim

Talvez eu esteja com uma outra qualquer
Uma que conheci há pouco
Uma que não me tem amor

Pra mim

Talvez eu seja alguém

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Incompleto

Eu ............... aqui
Você ............... lá
............... longe ...............
Será que um dia ...............?
Não ............... esperar
Esperar ............... ............... acontecer

Incompleto ............... poema
............... a vida

Nós completaremos ............... ............... ...............
Completaremos também ............... ............... ...............
E todo o resto
Dês de que ............... ............... encontre a vida

Complete-se
Complete-se com o que quiser
Porém
Enquanto incompleto ............... poema
............... estará a vida

quarta-feira, 1 de abril de 2009

O Que Eu Quero

Eu tenho vontade de te ver
E o sonho de te ter para sempre

Quero ser um homem de sorte
Apostando em você
E ser feliz por te merecer
Até o dia da minha morte

Quero ter o hábito de perder o fôlego ao te ver
Sem haver problema algum se você perceber

Queria ter o direito de te ter
E ter o prazer de ter um amor direito
Se você me der essa chance e esse direito

terça-feira, 10 de março de 2009

Nos ensaios da vida

No instante em que a viu, se apaixonou
No instante em que o viu, o ignorou

Não olhou mais para ela
Queria ensaiar mais uma vez seu olhar
E acabou por não olhá-la

Não olhou mais para ele
Não chamou sua atenção sequer no brilho dos olhos
E acabou por não olhá-lo

Chamou o garçon e pediu-lhe:
“Entrega a ela o bilhete”

Viu de onde vinha o bilhete e sem lê-lo, pediu à amiga:
“Rasga o bilhete”

Ele, desacreditado, inquietou-se
Ela, estática, permaneceu

Ele não disse a ela nada
Queria ensaiar mais uma vez o que falar
E acabou por não dizer

Ela não disse a ele nada
Pouco ligava para quem ele era
E acabou se arrependendo

Percebendo que escreveria o poema mais feliz de sua vida

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

No Picadeiro

É no picadeiro que acontece tudo
A magia e o inesperado
O impossível e o perigoso
A música e a aventura
E também a ventura

É no picadeiro que o leão ruge
A palhaçada acontece
Os palhaços riem mesmo insatisfeitos
A platéia aplaude sem lembrar que é ficção
E esquece do mundo que existe depois da lona armada

O picadeiro é um círculo
Que nos lembra este mundo
Mas que não o reflete

Mostra o mundo que não existe
O mundo que não podemos viver

Não mostra o mundo triste
O mundo real que eu gostaria de esquecer

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Poema dos dois

Não queria ser só
Não queria ser só isso

Queria um par, pois
Que fosse só nós dois

Procuro, na amizade, uma forma de fazer-te pensar
Procuro, no amor, uma fórmula pra te conquistar

Se não encontrar fórmula do amor
Sei que não encontro também um “remedinho” pra curar tal dor

Esqueci-me
Você não pensa como eu

Esqueceu-se (de mim)
E foi atrás daquele que o acaso lhe ofereceu

Nunca pensaste que eu me colocaria em seu juízo
Nunca pensaste que eu pudesse colocar-te no rosto um eterno riso

Por favor, não queira ser só
Não queira ser só isso

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Hora de ter Tempo

Chronos, o deus, é grande
Pois, Tempo é grande

Homem, o racional, é pequeno
Pois, Hora é pequena

Uma hora vale
Se o tempo não passa
E se aproveita
E não se rejeita

E todo o tempo do mundo necessário
Para não se viver nada, de nada vale

É tempo de viver
Ainda estamos em tempo para viver
Mas, se não tivermos tempo,
É hora de dizer: Chegou a hora

Tempo para viver as poucas horas que queria
Tempo para viver as poucas horas do dia
É hora de ter o tempo que queria

Agora é a hora de não parar no tempo
Agora é a hora de não deixar o tempo parar