domingo, 9 de novembro de 2008

A velha nova caminhada (ou a nova velha caminhada)

Este fim de ano não será o mesmo. Não será como os outros. Na verdade nunca é, se não, estaríamos vivendo ciclicamente. Ah, mas este é diferente e eu vou lhe contar por que!
Tudo era feito de flores e tempestade ao mesmo tempo (como sempre em minha humilde e, para muitos, insignificante vida). Aquele grande amigo de infância se foi uns dias antes da ceia de Natal. Fora antes do combinado. Me lembro que, no sábado, ao vê-lo na rua de carro, gritei seu nome.
Eu tinha saudade.
Nos encontramos, conversamos coisa de meia hora e ele se foi, como quem diz: “Te vejo em breve, amigo!” Ele fazia planos e continuava com os planos de outrora: Nos fazer rir em qualquer ocasião e sob qualquer embuste na situação.
Na chuvosa segunda recebo a notícia que ninguém queria ouvir.
Ele havia partido aos 19, mesmo contra seus planos. O que aconteceu não vem ao caso.
Veio o Natal e o Ano Novo.
A família ainda era completa.
Sentávamos todos à mesa na noite do dia 24 e éramos muitos. O problema é que eu já sentia que aquele fim de ano não seria como o próximo. Meu avô já não era robusto e brutamonte apesar de ter o mesmo brilho nos olhos e a mesma sanidade de sempre.
Algumas pessoas foram aparecendo e eu as fui conhecendo. Vieram novos amigos se somar aos velhos. Aprendo com eles e espero estar ensinando-os também. Divirto-me com eles e espero estar divertindo-os também.
Meses depois, a esperada e desgostosa notícia chega por telefone. O grande chefe da família, aos 77 anos, havia partido em paz.
As flores, desta vez, foram de tristeza e se juntaram àquela tempestade.
Hoje só quero flores na alegria. Chega de tristeza.
Chega de solidão.
Ainda tento não viver em vão sem saber se consigo me guiar em uma bela e certa direção.
Os planos continuam.
Que seja mágica a ceia desta vez. Este ano quase se finda: Que sejam felizes este e o novo. Que sejamos todos felizes amanhã mesmo!
Não parti aos 19, não sei se partirei depois dos 77, mas preciso me planejar. Para isso, ainda preciso encontrar um grande amor e um bom lugar.

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Texto inspirado por Anitha Rosenrot do blog "A Cartola" em seu texto "Cheiro de Dezembro".

Um comentário:

Thainá Rosa disse...

Nós só vamos nos dar conta de algumas mudanças quando nos deparamos com essas datas comemorativas...
Apesar do ritual ser o mesmo,nada nunca será como antes...
Perdi meu avô uma semana antes do Natal de 2006,realmente há uma mudança significativa...
Mas o cheiro é sempre o mesmo...
Cheiro de esperança eu acho...
Não sabes o quão feliz fiquei em saber que teu texto foi inspirado em algo que eu escrevi...É tão bom saber que fez alguma diferença pra alguém...
Um abraço,moço!
Parabéns pelo texto,muito bom!